Como nesta sexta-feira, dia 03 de agosto, estreia nos cinemas de todo o Brasil o show 3D da cantor Katy Perry, distribuído pela Paramount Pictures, o Plugou apresenta para vocês, fãs da cantora, uma entrevista cedida gentilmente pela empresa para o nosso site.

Em Katy Perry – Part of Me (3D), a cantora convidou dois jovens cineastas para documentar sua vida na estrada durante uma turnê épica, cobrindo um ano inteiro e tocando para multidões extremamente vibrantes que esgotaram os ingressos em 124 estádios ao redor do mundo – ela deu a eles acesso a todas as áreas.

Como foi ver o filme?

Eu já tinha vivido aquilo uma vez, então foi uma versão abreviada do que eu vivi durante um ano inteiro, basicamente. E, claro, tem todo aquele pano de fundo. Chorei um pouco sozinha antes de assistir, porque foi um momento intenso para mim e eu tinha atravessado tantas coisas intensas no ano passado – terminar aquela turnê e superar obstáculos pessoais. O filme saiu de uma semente de ideia que tive em 2010, e ver aquela bola de neve virar uma oportunidade enorme como essa me fez pensar: ‘Uau, estou realmente fazendo meus sonhos virarem realidade, estou realizando meus objetivos’. E existem objetivos que eu não pensei que se concretizariam – como uma parceria com o estúdio Paramount e ter que lidar com a Hollywood de verdade.

Qual era a ideia original?

A ideia era registrar tudo em filme, e conversei com meu empresário sobre a possibilidade de exibir o material como episódios na internet para meus fãs, ou talvez fazer dele um programa de televisão, ou, nos nossos sonhos mais delirantes, fazer um filme disso. E nossos sonhos mais delirantes viraram verdade.

Então qual foi a tarefa que você delegou aos cineastas?

Eu tinha trabalhado com dois rapazes do leste de Londres em um documentário sobre os bastidores da gravação do clipe de ‘Firework’ e eles foram ótimos – as texturas era ótimas, eles tomaram decisões artísticas ótimas e tinham uma visão cinematográfica ótima. E eles eram dois caras jovens, batizado de garotos D.A.R.Y.L., Ed [Lovelace] e James [Hall], e eu simplesmente abordei eles e disse: ‘Oi, rapazes, eu sinto que algo importante está prestes a acontecer este ano e tenho a sensação de que uma grande onde está chegando e vai ser duradoura. E gostaria que vocês pegasse a estrada e documentassem a aventura’”.

Você tinha outros filmes musicais em mente quando fez o contato?

Minha inspiração veio do documentário “Na cama com Madonna”. Adorei o documentário e adorei assistí-lo, porque eu não tinha sido exposta a algo assim, na verdade, quando estava crescendo. Por exemplo, eu quero assistir a “Alien, o oitavo passageiro” porque quero ver “Prometheus” e não vi o primeiro filme. Não me deixavam ver ou ouvir diversos momentos da cultura pop dos anos 80 e 90 quando eu era criança, devido à minha criação.

E você deu aos cineastas acesso irrestrito durante sua turnê California Dreams?

Sim, eles pegaram a estrada e filmaram tudo – eles estiveram lá provavelmente por oito meses em um ano, e reuniram mais de 300 horas de material. Depois, começamos a matutar a ideia de fazer um filme e procuramos um monte de pessoas – foi um longo processo. Fomos a diferentes estúdios, a Paramount agarrou a ideia e viraram grandes parceiros. Estamos tão na mesma frequência e queremos a mesma coisa, tem sido incrível. Para a indústria cinematográfica, o verão americano é realmente importante. Eles estão lançando o filme num fim de semana tão importante, é bem empolgante – estou com calafrios de ceia de Natal [risos]. Estou muito animada, e as pessoas estão reagindo a ele de uma maneira bastante positiva.

Fale sobre a decisão de filmar em 3D. Funciona muito bem com os trechos de shows. Que qualidade isso dá ao filme?

Filmamos no Staples Center durante duas noites com essas umas novas câmeras 3D que não tinha sido usadas antes – ou, pelo menos não tinham sido usadas para esse tipo de coisa – e as texturas são tão bonitas. As tomadas em câmera lenta são ótimas – e amo o fato de podermos trazer isso para esse tipo de filme, porque acrescenta nuances e detalhes deslumbrantes. No filme, há muitas texturas diferentes que usamos para contar a história, porque tem muita coisa do passado. De uma maneira geral, estou muito feliz com ele e estou muito feliz com a narrativa.

E existe uma narrativa clara. Não é só um filme sobre você em turnês; é um diário da sua vida até agora…

Sim, a narrativa na verdade é sobre superar esses barreiras relativas a onde eu vim e a quem eu queria ser, e minha barreira particular que tive que atravessar. E agora, ainda estou aqui e de pé. E acho que foi importante para mim deixar essas cenas que me mostram angustiada.

Foi uma decisão difícil?

Sim, foi uma decisão difícil, e eu fico com as mãos suadas só de pensar nisso.

Mas é muito comovente e honesto. Você claramente poderia ter tirado essas cenas. Por que achou importante incluí-las?

Bom, é o elefante na sala que eu não poderia evitar ou ignorar, porque seria muita ignorância minha pensar que eu poderia fazer um filme completo sem abordar isso. Eu sempre quis que toda escolha minha tivesse integridade. Às vezes, não é uma escolha fácil, mas, com sorte, o que as pessoas vão tirar disso é que elas não precisam modificar quem elas são para realizar seus sonhos. É nisso que eu acredito e foi o que tentei fazer na minha vida.

Isso mostra que, não importa o que estiver acontecendo nos bastidores – o quanto você está incomodada -, você ainda tem aquela mentalidade ‘o show tem que continuar’…

Você tem que encontrar o equilíbrio entre ser humana e artista. Eu sei que é importante pra mim à esta altura perceber que isso é um trabalho e separar minha vida pessoal da minha vida profissional e que a questão é que todos temos obstáculos e problemas em nossas vidas. Seria injusto da minha parte empurrar meus problemas para o meu público que nunca esteve lá para experimentar isso – eles vão para serem entretidos, para passar ótimos momentos, eles se arrumam pra isso, então tive que desligar essa minha chave quando subi no palco.

O que também transparece é que existem duas famílias no filme, por assim dizer. Seus pais e irmãos, e a família que você reuniu em torno de você…

Minha equipe. Minha aldeia…

E eles são evidentemente importantes para você…

Sim, totalmente, e eles me ajudam de maneiras diferentes. Minha família é minha família – não há como escapar de sua família, não importa se você os ama ou odeia ou discorde deles em certas horas. Adoro meus pais, mas sou capaz de ficar completamente irritada com eles ao mesmo tempo. É essa a dinâmica que a maioria de pais e filhos têm, eu acho. Mas eles são meus pais, foi isso o que me foi dado, e será o que terei pelo resto da minha vida. Minha irmã, Angela, é uma figura chave na minha vida porque ela é uma espécie de minha administradora – ela é aquela que mantém meus pés no chão, e ela não me enxerga como ninguém além da irmã dela. E meu irmão, David, é o mais novo e é muito esperto e talentoso. Nós três, como irmãos, somos como os Três Amigos – nós ficamos unidos e cuidamos uns dos outros. E minha outra família, minha equipe que fica comigo na estrada, eles trabalham comigo e são muito importantes também. Uma das minhas coisas prediletas é reunir boas pessoas, e se encontro uma boa pessoa sempre serei fiel a ela, até o fim da voda… porque o que importa é criar uma atmosfera positiva, uma ótima energia e uma postura ‘dá pra fazer’. Eu mesma sempre tive essa postura ‘dá pra fazer’, mesmo no limite da ambição cega.

Essa postura ‘dá pra fazer’ ajudou você quando estava lutando para chegar lá no começo da sua carreira?

Sim. Em muitos aspectos, foi isso que me trouxe até aqui. Sempre que ouço alguém dizer ‘Bem, não podemos fazer isso por causa disso ou aquilo’, penso: ‘Bem, vamos chegar numa solução’. Se existe um problema, vamos buscar a maneira de resolvê-lo. Nunca há dúvida para mim. Até mesmo quando se trata de uma questão física, ainda penso ‘Mas temos que conseguir decifrar isso. Como fazemos com que esse palco funcione para a gente do jeito que queremos? Vamos resolver”.

Essa postura ‘dá pra fazer’ transparece no filme. Você claramente teve contratempos no início da carreira, quando trocou de gravadora várias vezes, mas nunca desistiu…

Existe um ditado que parece verdadeiro em relação à minha vida: ‘A rejeição é a proteção de Deus’. Parece verdade para mim porque eu acho que aprendi algumas lições até chegar até onde estou. Toda vez que aprendo uma lição, tento não incorrer no mesmo erro outra vez. Foi importante para mim fazer por merecer as coisas, suar para conseguir. Além disso, acho que as pessoas respeitam mais um artista quando eles não só aparecem e sugam, sugam, sugam – quando eles se doaram durante um longo tempo e gradualmente chegaram ao sucesso com passos curtos.

Mas isso é interessante. Você foi jurada de programas como X-Factor, que se baseiam na fama instantânea, mas lutou muito na vida…

Sim, e acho que o filme dá às pessoais um contexto mais amplo a respeito disso, já que muitas vezes as pessoas não têm acesso à história pregressa. Ou eles têm uma noção dela por uma reportagem de jornal, mas não se dão conta de verdade de como foi – então é bacana poder mostrar isso.

Mas vivemos em uma era em que algumas pessoas querem driblar isso, elas querem aparecer num programa de TV e ficar famosas no minuto seguinte. Você chegou lá à maneira antiga…

Amo a maneira antiga [risos]. Acho que a maneira antiga, para mim, parece mais frutífera porque parece uma jornada maior. Tenho a impressão de que posso lançar uma música e conviver com ela por um bom tempo, em vez de ter que lançar duas ou três e ver quais delas cola. Essa nunca foi a maneira com que lancei compactos. Acho que a concepção de que você é capaz de ficar instantaneamente famoso é meio como uma realidade falsa. Qualquer coisa instantânea pode ser ruim. Acho que é importante crescer e evoluir como artista. Eu não me incomodo com alguns desses programas de televisão, mas não são meus favoritos. Gosto mais de alguns do que de outros. Quando estou nesse tipo de atração, tento apenas fazer críticas sinceras que se tudo der certo não serão nocivas para eles – não quero que eles levam para o lado errado. Porém sou bem sincera quando alguém me procura para dar uma opinião, porque acho que de outro jeito vira uma perda de tempo.

Você disse antes que não cresceu com grandes doses de cultura pop. Então, o que influenciou você como cantora e intérprete?

Música cristã. Naquela época, fim dos anos 90, a cena da música cristã corria em paralelo com o que acontecia na cena musical convencional. Tínhamos nossas versões de Alanis Morissette, tínhamos nossas versões de todas aquelas coisas do hip-hop – para tudo que estava rolando no meio convencional, tínhamos uma alternativa cristã, o que era muito divertido. Não é mais tão grande assim hoje quanto era. Havia um movimento de verdade naquele tempo, e aquilo me influenciava. Quando me mudei para Nashville com 14, 15 anos, me deslocava pra lá e pra cá bastante e ficava num hotel fuleiro com minha mãe. Eu costumava me cercar de compositores mais velhos que me mostravam como escrever canções melhores, como botar mais alma e sentimento numa música, dar a ela uma história definida.

Compositores cristãos?

Às vezes não. Às vezes eram compositores de música country. Naquela época eu ia descobrindo vários cantores/compositores ao longo do caminho.

Dê alguns exemplos…

Bem, duas mulheres que eu ouvia quando estava crescendo e quando fui para Nashville eram Patty Griffin e Jonatha Brooke, ambas americanas, e essas mulheres, como Alanis Morrisette, tinham letras que eram sinceras e comoventes e antenadas. E elas eram do mainstream. Então, eu juntava pequenos fragmentos do que ouvia quando não estava sob a proteção, ou vigilância, melhor dizendo, dos meus pais, e absorvia tudo.

Você sentia que estava sendo alienada da cultura pop convencional?

Não, eu não sabia o que estava perdendo. Era o meu universo particular, e tudo nele estava relacionado ao que meus pais achavam que era melhor para mim.

Mas como você se sentiu quando saiu para o mundo?

Eu era como um esponjão [risos]. Ainda sou até hoje. Tenho uma cara de permanente surpresa. Fico muito animada em experimentar e absorver todo tipo de fato e informação. Adoro aprender. Realmente tenho o desejo de saber mais o tempo todo, de nunca parar. Até com as palavras. Não tenho um problema de ego com o fato de que existem coisas que desconheço – porque eu não frequentei a escola exatamente, então não tenho uma instrução formal forte, mas estou aprendendo ao longo do caminho. Se não sei o que uma palavra significa, eu peço: ‘Você pode por favor me dar uma definição disso? Como se soletra? Pra que serve?”. Adoro o idioma. Esse é meu trabalho, comunicar. Às vezes, quando descubro uma nova palavra, penso ‘Posso usar isso numa canção no futuro’. São como pequenos tesouros.

Outra coisa que tiramos do filme, obviamente, é como foi demorada essa turnê…

Sim, analisando o que passou, tenho muito orgulho de ter atravessado isso. Só tive que cancelar uma apresentação, coisa que ainda pega para mim um pouco. Foi em Michigan. Algumas vezes eu tive que remarcar, mas cumpri essas datas ao longo do caminho. Fomos expandindo. Na turnê anterior, tocávamos em lugares feitos para 2.500 a 3 mil pessoas na Europa e talvez um pouco mais nos Estados Unidos, se eu tivesse sorte. Nesta, foi algo em torno de 10 mil a 25 mil em diferentes espaços na Europa e Estados Unidos. Foi mesmo uma ampliação. Ficamos em turnê de fevereiro a novembro [de 2011].

O que acontece com você quando está na estrada por tanto tempo?

É uma rotina. Eu rompia com ela bastante, e meio que criei um precedente de não fazer muitos shows seguidos. No máximo, eram três ou quatro seguidos e, depois, tínhamos um ou dois dias livres para recobrar o fôlego. E a cada dez dias ou duas semanas, eu deixava todo mundo em suspenso por três ou quatro dias, para que eu pudesse voltar, recarregar e dar atenção ao meu relacionamento… dar um tempo, que era muito intenso para mim porque o show ainda continuava.

É uma agenda bastante cansativa. Havia ocasiões quando você queria simplesmente ir para casa e dormir?

Sim, e tinha ocasiões em que eu estava com um jet-lag enorme e tinha que subir no palco. Mas era como se eu apertasse um botão quando pisava no palco. Eu me sentia assim porque eu não tinha sido um sucesso repentino – tinha avançado cada passo de uma vez, e me esfalfado. Estava pagando minha dívida com o público que tinha acreditado em mim durante todo esse tempo. E isso era muito importante para mim.

Isso também está nítido no filme. A relação que você mantém com seus fãs é claramente muito importante para você…

Sim. Eu amo pessoas. Sou uma pessoa adoradora de pessoas. Não faço distinção entre elas. E sei que meus fãs são a principal razão de eu estar onde estou. Obviamente, existem muitas pessoas de talento no mundo que não têm essa chance, todos sabemos disso. Mas eu sei por que razão eu tive essa chance, e é porque tenho essa relação com meus fãs – eles me veem como ser humano e se identificam comigo. São eles que me dão essa oportunidade e eu me sinto com em dívida com eles.

Muitos de seus fãs são jovens e influenciáveis, portanto você sente essa responsabilidade de ser um modelo de conduta para eles?

Às vezes. É um limite tênue. Para mim, não é apropriado tomar decisões de vida pelos outros porque eles vêm de situações e circunstâncias diferentes – alguns têm uma rede de apoio ótima e outros não têm; alguns conseguem lidar com mais elementos e outros não foram talhados para isso. Mas espero que as pessoas tirem inspiração do significado deste filme – se você quer concretizar seus sonhos, você é capaz, mas definitivamente terá que trabalhar duro. Vai haver obstáculos extremos, mas você tem que manter a cabeça erguida e seguir. Nesse sentido, me sinto confortável em ser um modelo de conduta, e com sorte levar inspiração a eles… e, com sorte inspiração musical também. Vou continuar a ser fiel à minha composição e ao meu trabalho. Mas não sou uma política, e não agrado a todos – se você tentar ser tudo para todo mundo, você acaba não sendo ninguém, e eu já percebi isso durante minha trajetória.

Uma das mensagens do filme é que existe um preço a se pagar pela fama?

Sim, com certeza existem sacrifícios. Mas isso faz parte da história de vida de muita gente, sejam elas famosas ou não. O sacrifício existe. Sabe, a cabeça que leva a coroa é mais pesada. Eu botei essa frase em uma das minhas músicas (‘Heavy is the head that wears the crown, don’t let the greatness get you down’). Às vezes, a pressão é extrema, mas na verdade é uma oportunidade. Tento ter uma visão positiva.

Você disse que Alanis Morissette foi uma influência. Você se encontrou com ela?

Sim. Eu passei um tempo com Alanis outro dia – ela tem uma sabedoria tão à frente de sua idade. Ela disse algo que colou em mim de verdade – ela disse: ‘A transparência é o novo mistério’. Concordo com isso, já que na nossa cultura, na nossa sociedade, infelizmente, você pega muitas mulheres, muitas meninas, e pessoas que são ‘famosas’, e elas são mostradas com tanta perfeição – acho que isso pode fazer as pessoas se sentirem inseguras. Elas acham que têm que se apresentar com perfeição e se montar com perfeição, e ter certos bens e coisas materiais que fazem com que pareçam ter mais valor… e isso não é de maneira alguma no que as pessoas precisam mirar para realizar seus sonhos. E essas foram algumas das razões pelas quais eu mantive aqueles momentos no filme onde eu estou nitidamente cansada e com uma cara horrível, eu não pareço do jeito que eu costumava parecer, apresentada com perfeição a todo momento. Porque na verdade eu construí essa imagem de desenho animado e, de certa forma, acho que é hora não necessariamente de romper com ela, mas… de mostrar que não só eu sou como a Dorothy e seus sapatinhos e percorri esse longo caminho, mas que também aqui está o que o capuz esconde. Foi daqui que eu vim.

Então você queria que fosse um registro sincero desse período da sua vida?

Sim, um instantâneo.

Você poderia ter dito ‘Olha, corta aqui, não precisamos me mostrar desse jeito vulnerável…’

Com certeza. Eu fiquei na ilha de edição durante semanas e dizia ‘Não, temos que deixar isso’. Observei algumas das reações, são tipo: ‘Katy Perry sem maquiagem!’. É como se tivessem me surpreendido – mas não, é mais para ‘Querido, estou mostrando o que quero que veja. Não se preocupe’. Só queria mostrar o que significou estar aqui, neste patamar, neste momento.

Você mudou desde que o filme foi feito?

Tive que ficar mais responsável. Estou muito animada de seguir minha evolução, musicalmente – não se trata de me distanciar do público que já encontrei, ou que recentemente virou fã, porque eu tenho esse amplo espectro, de 7 anos até o fim da vida -, mas estou animada para tentar coisas diferentes. E, claro, sinto que tenho muito a dizer no meu próximo disco – sinto que tenho muito o que expelir do meu sistema no próximo disco, e estou muito empolgada em avançar. Não estou dizendo que não vou ser mais a Rainha da Bala, mas acho que é hora de mais carne com batatas [risos].

O que você já tem do próximo disco?

Ainda não começamos, mas estou sempre escrevendo, minhas engrenagens estão sempre em movimento. Não fui ao estúdio a não ser para compor e gravar ‘Wide Awake’, que é uma canção que escrevi pensando no filme – pensando no último ano – e estão a letra se formou para mim, ‘falling from cloud nine’ (‘caindo da nuvem nove’)…. porque eu criei uma nuvem de algodão doce, algo assim, e o ciclo do disco inteiro começou comigo nessa nuvem de rosa brilhante, com uma piscadela, um beijo, todo bonitinho, divertido e brincalhão. E agora, no fim de toda essa experiência do álbum, é quase como se eu tivesse que descer dessa nuvem e encarar a realidade. Estou caindo da nuvem nove e me descolando do céu, da doçura daquele momento. Agora, acho que é a hora de abrir os portões e mostrar às pessoas a verdade – a verdade de como é difícil chegar a esse lugar. E se você quer alcançar o que quer que seja, não vai ser servido numa bandeja de prata. Não existem mais loterias na indústria musical.

Você conseguiu cinco músicas no número um com um disco. Você chega a pensar em repetir esse feito?

Nunca mais vou conseguir isso. Não, retiro o que eu disse, espero que esse seja o caso. Mas você não pode determinar isso como meta. A meta é fazer música boa e deixar a música ser o que quiser ser. Você se esgota se tentar se superar. Você vê isso em outros artistas que tentaram, e isso simplesmente não funciona. É de certa forma trapaceiro. Para mim, o negócio é reinventar sem se desviar e sem se autossabotar.

O que espera que o público tire desse filme?

Espero que as pessoas encontrem inspiração e sigam em frente, e espero que eles se sintam encorajadas a pensar que não precisam se transformar em algo que não são para serem bem sucedidas. Minha mensagem é: viva uma vida plena e alcance seus objetivos, sejam eles grandes ou pequenos. Acho que parte da minha plateia, principalmente os adolescentes, podem ficar um pouco perdidos a respeito de como chegar onde querem. Acho que eles podem ficar confusos a respeito do que querem fazer na vida, e como querem dar vazão a suas ambições… porque abasteceram eles, especialmente nos últimos cinco anos, com as prioridades erradas. E embora eu tinha sido suscetível a coisas assim, tentei ir além da ideia de que você precisa ser uma vítima para alcançar seus objetivos.


Author: Léo Francisco

Você nunca teve um amigo assim! Jornalista cultural, cinéfilo, assessor de imprensa, podcaster e fã de filmes da Disney e desenhos animados. Escrevo sobre cinema e Disney há mais de 18 anos e comecei a trabalhar com assessoria de imprensa em 2010. Além de fundador do Cadê o Léo?!, lançado em 13 de julho de 2002, também tenho um podcast chamado Papo Animado e um canal no YouTube.