Looper – Assassinos do Futuro, é um daqueles filmes que me fazem lembrar o porque eu gosto tanto de cinema. Escrito e dirigido por Rian Johnson (Vigaristas) e protagonizado por Joseph Gordon-Levitt, Bruce Willis, Emily Blunt, Paul Dano, Noah Segan e Jeff Daniels.
Logo de cara, ao assistir o trailer desse filme já lhe bate uma curiosidade, por ser um assunto que constantemente acaba aparecendo em algumas rodas de conversas: o que você faria se pudesse voltar no tempo e dar de cara consigo mesmo no passado? Não é uma temática nova, e nem mesmo será a última vez que ela será usada nos cinemas, porém fazer uma ficção cientifícica que brinca com o tempo de forma coesiva e interessante é tarefa para poucos.
O ano é 2042. Joe (nesse momento interpretado por Gordon-Levitt) é um assassino indentificado por “looper”que possui um trabalho um tanto peculiar. Ele recebe pessoas enviadas do futuro para mata-las no passado não deixando rastros delas no períoto temporal nas quais vieram. O trabalho consiste em apenas matar e se livrar do corpo, sem questionamentos e nem contato com as vítimas… mesmo que essa seja você mesmo no futuro (Bruce Willis). Nisso começa o conflito da história, e é a parte que o trailer nos vende, porém, o filme acaba acercando outros temas nos quais nos surpreende não só pela lógica, mas também pela reflexão que nos causa: afinal, o homem nasce bom e a sociedade que o corrompe?
Recomendo que a partir daqui você só leia caso já tenha visto o filme, pois alguns temas que irei abordar podem prejudicar a experiência ao ver o filme.
Logo no início de Looper, Joe mais novo está aprendendo frances. Diversas vezes no decorrer do filme é sitado que o garoto está economizando dinheiro para viajar à França. Já é um indício de que ele mais novo estaria sendo levado em suas convicções por pensamentos de Jean Jacques Rousseau, onde diz que o homem nasce puro e que a sociedade que o corrompe. Esse pensamento irá guiar suas decisões no decorrer do filme.
Inicialmente o filme é muito explicativo. O diretor precisa contextualizar qual a realidade que os personagens vivem, inclusive sobre a existência de pessoas com poderes psiquicos e de telecinese. Sim, nesse futuro existem espécies de X-Men entre os humanos, contudo é um elemento que só se faz importante quando a personagem de Emily Blunt (Sara) e seu filho Cid (Pierce Gagnon) entram na trama.
Após Joe deixar sua versão mais velha fugir quando é mandada para o presente, o filme faz uma viagem de trinta anos no tempo, mostando de forma resumida e inteligente como foi a vida do personagem daquele momento até quando ele é mandado de volta. Naquele primeiro ato onde o futuro é mostrado de forma explicativa acaba sendo abandonado para que o filme se volte paraum ambiente mais calmo de uma fazenda, local justamente onde Sara vive com o filho.
Joe (Bruce) se mostra com uma visão diferente do Joe mais novo. Ele viveu erroneamente durante muito tempo e quando conseguiu se apaixonar, se casar e levar uma vida mais regrada, ele se depara com uma organização criminosa no qual o manda para o passado.
Contudo, o velho Joe só quer voltar para os braços de sua esposa e levar enfim sua vida tranquila sem o medo da máfia, logo, seu plano é cortar o mau pela raíz, eliminando o chefe da máfia que na época para qual foi enviado é apenas uma criança. Surpreendentemente temos aí um conflito extremanente interessante, onde o Joe jovem cheio de esperanças e sonhos acaba se colocando contra ele mesmo mais velho, onde só busca vingança da morte da esposa e matar o responsável que causou tudo aquilo, mudando assim a história.
O mundo em um futuro próximo é retratado de uma forma bem curiosa. Sem roupas de couro colado ou então humanoides com mais caras de robos, o futuro retratado em Looper segue a tendencia do retrô. Se não fosse pelas motos voadoras e alguns pequenos detalhes que nos mostram que ali se trata do futuro, acreditamos perfeitamente que os personagens estão nos anos 60. Tal caracterização nos ajuda a definir que naquele momento é o passado dentro da história que estamos assistindo.
Um outro ponto alto do filme é o brilhante trabalho de Joseph Gordon-Levitt. Ele incrivelmente conseguiu pegar todos maneirismos faciais de Bruce Willis. Antes mesmo de Bruce aparecer na história conseguimos perfeitamente identificar o sorriso torto e os olhos mais puxados. Obviamente também houve um intenso e fantástico trabalho de maquiagem em cima do ator.
Looper, porém, como todo filme de ficção acaba se perdendo quanto alguns pontos na história, e existem escolhas feitas pelo diretor que acaba incomodando, como o fato de em determinados momentos esquecer por completo o Joe mais velho, deixando o espectador apenas sabendo que ele está indo atrás das crianças que possivelmente podem ser o chefe da máfia no futuro. O personagem dele mais velho acaba perdendo um pouco a força, se tornando apenas um assassino arrependido em busca da vida que perdeu.
Como pode perceber Looper é um filme extremanete complexo, porém cheio de argumentos que enrriquecem ainda mais sua premissa. Diferentemente das grandes produções que tivemos esse ano, onde iamos ao cinema já sabendo pelo menos 80% do filme, Looper se mostrou coeso inclusive na divulgação, e só lembrando que é uma produção original, muito mais difícil de atrair um público acostumado com adaptações e sequências. Acho que nesse ano foi um dos filmes que finalmente conseguiu não me descepcionar e se põe como uma ficção científica para ser lembrada durante muitos anos.

Author: RS

Diretor de Arte em publicidade, crítico de cinema e um dos fundadores do site Plugou. Entusiasta em adaptações de quadrinhos para cinema, Beatles e de séries de TV.