Se você é fã de teatro musical deve se lembrar de Sierra Boggess, atriz que deu vida a princesa Ariel, no musical “A Pequena Sereia” (The Little Mermaid on Broadway),que estreou oficialmente em 10 de janeiro de 2008 e terminou sua temporada no dia 30 de agosto de 2009, após 685 apresentações e 50 pré-visualizações, no Lunt-Fontanne Theatre.

Em outubro de 2011, Sierra estreou outro grande papel nos palcos da Broadway, a jovem Christine, de “O Fantasma da Ópera“, clássica história criada pelo aclamado compositor e produtor musical britânico, Andrew Lloyd Webber. O musical que completou 25 anos foi reapresentado e filmado para seu lançamento em DVD e Blu-ray, no Royal Albert Hall, famosa sala de espectáculos localizada no South Kensington, Londres, capital do Reino Unido, com capacidade para cerca de oito mil pessoas.

No Brasil, o espetáculo acabou de ser lançado em DVD e Blu-ray, pela Universal Pictures. Os fãs brasileiros de Sierra Boggess, que não puderam ver a atriz dando vida a princesa Ariel, agora tem a chance de conhecer o trabalho dessa grande atriz e cantora neste novo trabalho dela que você não pode perder.

Em celebração ao lançamento do DVD e Blu-ray de 25º Aniversário de “O Fantasma da Ópera no Royal Albert Hall” (The Phantom of the Opera at the Royal Albert Hall), o Planeta Disney apresenta hoje uma entrevista enviada gentilmente pela Universal Pictures com o ator Ramin Karimloo, que no espetáculo interpreta o protagonista, o Fantasma.

Abaixo você confere a entrevista completa onde Ramin Karimloo fala de como foi dar vida para um dos personagens mais conhecidos, que já ganhou adaptação para os cinemas e para os palcos do mundo inteiro. Vale apena destacar, que no Brasil, o espetáculo “O Fantasma da Ópera” ficou em cartaz de 2005 ao fim de 2006, no Teatro Abril, em São Paulo, e quem viveu o protagonista foi o grande ator Saulo Vasconcelos.

Estamos aqui no Quarto Príncipe de Gales do Royal Albert Hall [Salão Real Albert]. Ramin, você logo fará três apresentações de O Fantasma da Ópera para celebrar o 25º aniversário do musical. Você está ansioso para vestir a máscara de novo?
Sim, senhor. O espetáculo tem sido parte da minha vida. Eu sou um grande fã há muito tempo, inclusive na infância, então eu fui abençoado e estou muito grato por fazer parte dessa celebração. Vai ser muito divertido, também. Eu acho que nós vamos chacoalhar o Royal Albert Hall com o sistema de som.

Quanto tempo leva para colocar aquela máscara? Imagino que não seja a sua parte preferida do espetáculo.
A máscara é fácil. É a maquiagem. Eu não vou sentir falta disto, com certeza. Eu estive na pré-sequência, então a máscara está no meu rosto há quatro anos. Eu acho que minha pele está animada com a ideia de não passar mais por isso depois do domingo. Em um espetáculo, não costuma demorar tanto, mas, como vamos gravar tudo em alta definição, nós chamamos de volta Chris Tucker, que produziu a máscara original – ele também criou a maquiagem do Homem-Elefante para o filme [de 1980, dirigido por David Lynch]. Ele mesmo irá aplicar a maquiagem em mim, então tudo vai estar perfeito. Vai levar pelo menos duas horas. Então tenho que chegar mais cedo.

Você consegue se lembrar da primeira vez em que viu ou ouviu O Fantasma da Ópera?
Foi em dezembro, acho que em 1992, em Toronto. Eu só fui porque era uma excursão da escola. Para mim nada podia ser mais chato do que assistir ao que eu achava que era uma ópera chata. E, cara, eu fiquei deslumbrado. Colm Wilkinson era o Fantasma, e eu lembro que sua voz era diferente de tudo que eu já tinha ouvido. Eu nunca tinha me emocionado com algo artístico como aquilo, e eu pensei que fazer algo assim seria muito legal.

Então você está dizendo que essa experiência foi definitiva para te trazer para esta profissão?
Com certeza. Depois do espetáculo eu me interessei por música e bandas de rock, e comecei a seguir as carreiras de Daniel Day-Lewis, Al Pacino e Robert De Niro, e eu pensava, “Quero ser como eles”. Então eu decidi virar ator, e o Fantasma era o papel que eu queria interpretar. Eu comecei a pensar nisso quando ainda era novo, e já tinha o desejo específico de interpretar o Fantasma. Naquela época, eu queria interpretar um Fantasma mais novo. Por algum motivo eu tinha isso na cabeça, nunca imaginei que seria o Fantasma mais jovem de Londres.

Mas você precisa de uma voz poderosa para isso. Não é só um trabalho de atuação, certo?
Não, infelizmente você precisa ter boas cordas vocais. Mas eu tento não me desgastar muito com isso. Para mim o coração do personagem é o elemento mais importante. Eu não tento buscar a perfeição. Cada noite é diferente.

O que há no coração dessa figura tão enigmática?
Bem, ele é uma alma complicada, não é? Na superfície, ele é só um assassino desfigurado. É assim que as pessoas o veem. Ele é vítima de condicionamento social, e isso parte meu coração, porque muito do que acontece é consequência de como ele é tratado, e poderia ter sido evitado. Ele na verdade é muito passional, um compositor genial e cheio de qualidades. Dentro dele, ainda há uma criança que nunca cresceu porque ele nunca viveu com os pais, nunca foi recebido pela sociedade de braços abertos pelo que ele tem de bom. Ao verem seu rosto, as pessoas o repudiavam, trancavam-no em uma jaula e tratavam-no como um animal. Eu acho que se você trata alguém como um animal por tanto tempo, ele irá se comportar como um.

No início, você interpretava Raoul.
Isso foi em 2004, no Her Majesty’s Theatre [Teatro de Sua Majestade].

Quantas vezes você atuou no espetáculo?
Existem atores que falam assim – “Eu atuei tantas vezes”. Eu não sei de onde eles tiram esse número. Eu atuei por um ano. Era um contrato, então, tirando alguns feriados e doenças, eu trabalhei em boa parte daquele ano. Mas eu não sei como eles encontram aqueles números.

Você sempre esteve de olho no Fantasma?
Com certeza. No caso de O Fantasma da Ópera, havia um papel que eu queria fazer. Mas naquele momento, eu só queria aprender e desenvolver minha arte, e mesmo querendo interpretar o Fantasma, eu ainda não estava pronto. Raoul é um papel ótimo. Eu acho que ele é subestimado em muitos casos. Eu descobri, com a vinda do novo diretor que continuaria o trabalho de Hal – Laurence Connor –, um Raoul destemido e apaixonado, um Raoul que podia envolver mais as pessoas. Hadley, o que ele está fazendo nesta produção – ele está um passo além. Ele é um ator maravilhoso.

Quando você interpretou o Fantasma pela primeira vez?
Na primeira vez em que eu interpretei o Fantasma eu lembro que tinha 26 ou 27 anos. Eu comecei como um substituto. Foi logo depois do meu aniversário. Eu me lembro do grande momento quando todo mundo espera pela queda do lustre e meu pé ficou preso onde o anjo sobe, então ele não podia se mexer do jeito certo. O lustre não descia porque ele achava que o anjo ainda estava baixado, e que eu seria atingido. Eu não conseguia tirar o pé, eu podia ser esmagado, mas eu ainda pensava, salve o espetáculo! Gritei “Vaaaai!” para a deixa do lustre. Minha primeira apresentação e eu arruinei o grande momento do lustre!

Isso não vai acontecer aqui no Albert Hall, não é?
Não, senhor. Não depende de nada que eu precise fazer. Eles tiraram essa margem de erro da equação.

Como foi a sua relação com os “fans” ao longo dos anos?
Eu tive vários apoiadores. Tem sido bom. Todo ano aumenta. Nas redes sociais como o Twitter eu vejo meus números crescendo. Eu acho fantástico. A cada mês, mais mil, outros mil. Eu percebo que alguns papéis que eu interpreto, como este, vão me criar uma audiência maior e mais apoiadores. Até agora, não vivi momentos perigosos nem histórias loucas. Eles têm sido muito bons. Eu tento demonstrar gratidão a eles porque eles ajudaram a impulsionar a minha carreira.

Eles parecem ser muito possessivos com o espetáculo.
Qualquer um que seja passional com algo – eu não acho que eles tenham a posse, mas com certeza têm suas expectativas, e com razão. Mas eu, como um fã e como um ator, tenho minhas próprias expectativas, e só estou aqui para alcançá-las segundo as orientações do diretor e do produtor. Eu acho que se eu tentar alcançar as expectativas de todos, ninguém sai ganhando. Há provavelmente milhares de maneiras diferentes de fazer isso. Cada uma delas é válida se você é honesto com ela.

Este espetáculo será transmitido nos cinemas do mundo todo, vai estar em DVD e em Blu-ray e disponível para download. Vai ser o presente de aniversário definitivo. Isto te delega uma grande responsabilidade, no papel principal?
Existe responsabilidade com esse papel de qualquer jeito. Eu acho empolgante. É uma grande oportunidade. Vai ser melhor do que ter qualquer auto-propaganda. Que grande recordação! Eu fico empolgado por saber que vai ser filmado. Como ator, há maneiras levemente diferentes de interpretar, agora. Você pode interpretar de um jeito mais internalizado, também, porque daqui em diante o que restará ao longo dos anos será o DVD. Eu acho isso ótimo.

Você vai interpreter o Fantasma de novo ou este será o seu adeus ao personagem?
Sempre dizem, “Nunca diga nunca”, mas, para mim, eu tenho que me despedir do Fantasma. Afinal, o que mais eu posso fazer com ele? Não é um trabalho para mim, é uma paixão, e eu acho que neste momento eu tenho que sair para me voltar à minha carreira. Eu preciso desenvolver a minha arte além. Eu fui agraciado com algumas oportunidades, e eu preciso ver o que posso fazer com elas, como posso crescer agora.

Você pode explicar o segredo da longevidade do musical?
É uma confluência de fatores. Surgiu na hora certa. Compará-lo com musicais que acabaram de começar é injusto, por causa da economia e do mundo como são hoje. O Fantasma tem uma música incrível, uma música que emociona – só algumas notas ou uma melodia que deixam as pessoas fascinadas –, e você tem o libretto perfeito. Não é muito complicado. As pessoas podem se emocionar. Elas podem se envolver com todos os personages, especialmente com o Fantasma, por causa do que existe em seu  coração. Cameron também fez uma produção fantástica. Em um piscar de olhos você está vendo uma cena nova. É uma confluência de fatores.

Você pode falar um pouco sobre seu relacionamento com o compositor Andrew Lloyd Webber?
É extraordinário. Surreal, também. Nós trabalhamos na sequência [do musical – Love Never Dies] juntos, então nós temos entrado e saído da vida um do outro há uns três ou quatro anos. Eu estava trabalhando em Love Never Dies enquanto ainda interpretava o Fantasma à noite, e isso aconteceu nos dois anos antes da estreia de Love Never Dies. Era mais surreal antes do que agora, obviamente, porque foi se tornando regra. Ele é um homem muito encorajador e apoiador. Foi ótimo descobrir isto, especialmente quando estávamos gravando em estúdio. Ele me encorajou muito a oferecer minha própria interpretação. Ele não esperava que eu interpretasse de um certo modo. Por causa disso, especialmente o meu relacionamento com ele, eu me tornei um músico melhor.

Quanto preparo você pôde ter para essa performance?
Permitiram que eu me preparasse tanto quanto eu precisei, tanto quanto minha disciplina e integridade me permitiram. Eu gosto de me preparar bastante. Especialmente quando é um retorno. Eu nunca confio no que eu sabia antes porque eu sou uma pessoa diferente da que eu era um ou dois anos atrás. Eu estou um pouco mais velho. Quando eu soube que estaria fazendo isto – me chamaram mais ou menos seis meses atrás – eu logo comecei a trabalhar em notas novas, em uma nova história. Muito vai permanecer o mesmo porque nós vemos os persongens do mesmo jeito. Mas em certos momentos eu encontro coisas novas. Mas toda semana, todo dia, até relendo a novela – que vai ser sempre o meu ponto de partida – eu trabalho a partir dali.

Entrevista traduzida pelo amigo e colaborador Pedro Costa De Biasi.

Author: Léo Francisco

Você nunca teve um amigo assim! Jornalista cultural, cinéfilo, assessor de imprensa, podcaster e fã de filmes da Disney e desenhos animados. Escrevo sobre cinema e Disney há mais de 18 anos e comecei a trabalhar com assessoria de imprensa em 2010. Além de fundador do Cadê o Léo?!, lançado em 13 de julho de 2002, também tenho um podcast chamado Papo Animado e um canal no YouTube.