RETROSPECTIVA
Foram quase 18 mil inscritos no site do HSM: A Seleção, e 4 mil garotos e garotas entre 16 e 24 anos foram selecionados para participar da audição-tamanho-família no Sambódromo de São Paulo, em 17 de novembro. O contrato de uso de imagem (que até então era a mais confiável fonte de informações) dizia que os vencedores da competição estrelariam a versão brasileira do filme, e poderiam formar uma banda e sair em turnê pelo país e, quem sabe, pelo mundo.
A a fila no portão do Anhembi dobrava a esquina. Como o único pré-requisito para a seleção era estar apto a cantar, dançar e atuar, tentavam a sorte pessoas de todos os lugares, de todos os jeitos, com diferentes talentos. Ninguém segurava a emoção de receber seu “número de identificação de participante”, uma plaquinha desajeitada presa ao pescoço por um cordão, que todos ostentavam no peito cheios de orgulho.
Encapado com lona vermelha com o logo de HSM: a Seleção por toda parte, o Sambódromo fora dividido em três partes, estrategicamente para que quem estivesse em cada parte não soubesse o que se passava nas outras. Lotes de candidatos entravam juntos para serem avaliados. Todos se posicionavam sobre círculos vermelhos e eram observados por jurados curiosos, ao som de oito diferentes canções dos dois filmes. Terminado o teste, todos seguiam para a concentração final, onde encontravam a galera, e Robson Nunes, apresentador do canal da Disney e locutor da Seleção, subiu ao palco montado com motivos do programa, chamou os apresentadores do Zapping Zone (que, para variar, fizeram gracinhas sem graça) e apresentou os jurados, o diretor e ator de teatro Jonathans Joba, jurado de atuação, o preparador vocal Roni Kneblewski, jurado de canto, e a coreógrafa Tati Sanchis, jurada de dança, que rapidamente criou uma coreografia para “What time is it”, que a multidão de competidores realizou com destreza, num dos momentos mais empolgantes do programa todo.
No final do dia não havia quem não estivesse esgotado, querendo ir para casa, porém não definitivamente. O nervosismo intensificava os laços de amizade entre pessoas que acabaram de se conhecer, que trocavam contatos e torciam umas pelas outras. Em ordem numérica, todos foram chamados para receber uma carta com o resultado daquela primeira eliminatória. Seguiram na disputa os que receberam a carta com: “parabéns! você passou para a fase 2 de Disney High School Musical: a seleção.”.
O alívio da aprovação no Sambódromo não durou muito tempo para os mil competidores que passaram para a fase seguinte. Uma semana depois daquele sábado ensolarado, os “sobreviventes” ao Sambódromo foram convocados para mais uma eliminatória. Separados em grupos, os competidores agora teriam avaliadas exclusivamente suas habilidades em canto.
Quatro participantes eram chamados por vez para serem ouvidos, e câmeras eram apontadas para seus rostos, e microfones atentos captavam a respiração acelerada. Os candidatos se posicionavam em um tablado frente aos jurados, e aleatoriamente cantavam as músicas anteriormente solicitadas, acompanhados de um piano de calda. Muita gente engasgou, teve branco, perdeu a voz, não conseguiu acompanhar o piano, tamanho nervosismo, e por isso acabou voltando pra casa.
Os jurados deliberavam e então pediam para alguns candidatos darem um passo a frente, e sentenciavam: “Aos que deram um passo á frente, parabéns, vocês continuam em Disney High School Musical a Seleção”.
A Segunda semana de teste começou com um alvoroço. Correu rapidamente a notícia entre os 400 participantes aprovados, que se comunicavam por internet, de que nesta etapa estava acontecendo um corte ainda mais severo de candidatos.
O teste tão temido acabou reservando a surpresa de ser o mais divertido, principalmente porque ao invés das longas horas de espera, todos passaram o período inteiro juntos, e junto também dos três jurados. A jurada Tati começou com alguns passinhos de dança coreografados. Os 40 candidatos repetiam num espaço tão pequeno que dançavam quase ombro com ombro. Ao ser chamado, cada um dançava a coreografia frente a todos, depois dançava free style, e depois com a própria Tati. Nesse momento foram reveladas pessoas absolutamente não aptas à dançar num filme, e muitas outras cheias de possibilidades. Seguiu-se um teste de atuação, com jogos teatrais propostos pelo jurado Joba, e todos sairam-se bem e se mostraram desinibidos e disponíveis. O teste de canto era cantar “We are in this Together” utilizando uma técnica vocal ensinada pelo jurado Roni na hora.
No final do período, um a um, ao ser chamado pelo NIP, se colocava de pé e escutava sua sentença. A maioria teve que engolir o choro e se sentar novamente já fora da competição.
Dos 40, apenas 6 pessoas foram aprovadas. Levando-se em consideração o desempenho naquela audição específica, mais gente merecia ir para a próxima fase, mas mesmo dentro destes pequenos grupos aprovados, era evidente que alguns passaram de fase já marcados para serem eliminados na próxima, quando seriam decididos os 40 semi-finalistas. O High School Musical brasileiro começava a ganhar forma, enquanto aqueles tantos sonhadores presentes no Sambódromo ficavam para trás.
Ainda no final dos testes de dança, os 100 aprovados receberam cenas dos filmes High School Musical 1 e 2. Na avaliação das capacidades dramáticas, realizada na segunda semana de dezembro, os participantes desempenhavam as cenas selecionadas dos filmes ao mesmo tempo em que cumpriam tarefas que lhes eram solicitadas, com o uso de mímicas e de alguns poucos objetos.
No decorrer desta etapa de audições foram aprovados os seletos 40 melhores participantes do reality, e assim a fase de casting chegou a um passo do fim.
Analisando o primeiro mês de programa, nada que não tenha sido visto em Popstars ou Ídolos foi incluído, apesar de outras habilidades terem sido avaliadas, a produção não inovou em momento algum. Quem viu tudo de perto sabe que está no programa muito pouco do que aconteceu nesta fase de castings, e isso se deve muito à edição descuidada, além da opção recorrente em programas do gênero, porém infeliz, de narrar tudo ao invés de deixar os participantes, com suas palavras e seus próprios atos, contarem a história.
Os 40 finalistas passaram uma semana em São Paulo para se prepararem para a última audição: um show ao vivo com coreografia preparada por eles. Separados em dez grupos de quatro, os competidores ensaiaram tudo, e na sexta se apresentaram para os jurados, cantando e dançando (e na medida do possível atuando) a música “What time is it“. As apresentações, apesar de escondidas pelos comentários desnecessários da narração de Robson Nunes, traduziram e exemplificaram o espírito do programa e da marca HSM. Os participantes subiram ao palco afobados, vestindo roupas coloridas, maquiados e penteados. Fizeram apresentações desafinadas e dançaram o mais animadamente possível. Muitos até deram o pulo no final, marca do High School.
O momento mais emocionante do episódio foi sem duvida os jurados terem, pela primeira vez, chamado os candidatos pelo nome, e não pelo número. Foi também particularmente especial os momentos depois de os aprovados saírem do palco, ligando para a família, chorando e desabafando, emocionadissimos.
Os que entraram na casa são: Eduardo Gil, Amanda Damásio (que foi substituída por Alessandra “Leka”), Moroni Cruz, Pamela Otero, João Victor, Karol Candido, Bernardo Falcone, Renata Ferreira, Fellipe Ferreira, Paula Barbosa, Olavo Cavalheiro, Beatriz Machado, Samuel Nascimento, Carolina Calheiros, Daniel Bianchin, Lenora Hage, Junior Wolt e Yasmim Manaia.
Enfim, os 18 finalistas de Disney High School Musical: A Seleção entraram na tão sonhada Academia de Artes. Mas se chegamos ao sexto episódio do programa sem ver os participantes efetivamente cantando, dançando e atuando, quem assistiu pôde conferir as primeiras e curiosas atividades na casa. Algumas realmente novidades em programas semelhantes, como exames e consultas médicas, e outras bem comuns, como a mudança de visual, que, diga-se de passagem, só fez grande diferença na Karol “Cantora” Candido, agora ex superloira, e no Moroni Cruz, que se despediu da aparência de Zac Efron em troca de um visual mais natural.
Sem desmerecer os outros, ao recapitular os episódios anteriores observa-se realmente um tímido destaque aos que chegaram a essa final. Muitos deles, por ventura, apareceram cantando e dançando não tão bem quanto o esperado. Outros se sobressaíram por méritos próprios. Observando o episódio anterior, a Paula e a Beatriz mostraram ter vozes boas, a Renata e a Carol Calheiros mostraram uma presença de palco marcante, e a Yasmim e o Bernardo estão entre os mais espontâneos e carismáticos.
Sete episódios e 18 mil pessoas depois, os 18 selecionados pelo Disney High School Musical: A Seleção finalmente se apresentaram (fazendo o que foram escolhidos para fazer) para o público. E já partiram de uma premissa decepcionante quando cada dupla se apresenta por cerca de um minuto, ou seja, efetivamente cada um cantou, dançou e atuou por menos de 30 segundos. Se nas audições o exigido era talento e uma boa base técnica, a ser aperfeiçoada na Academia de Artes, o que se viu foi um amadorismo enorme, e não só dos candidatos.
As apresentações aconteceram em uma sala, assistidas apenas pelos participantes do programa e pelo júri, agora integrado também por Alexandre Schiavo, da Sony & BMG. Os candidatos apresentaram duetos com músicas de nível relativamente baixo de dificuldade, escolhidas pelos jurados e usando base em playback. Mais uma vez o objetivo era cantar, dançar e atuar ao mesmo tempo, tentando agora combinar a técnica adquirida na casa com espontaneidade natural. A exibição propriamente dita foi bastante editada e retocada.
Karol e Yasmim cantaram “The Best of Both World”, da série Hannah Montana, Olavo e Carol interpretaram “Você é a Música em Mim”, versão da Sharpay, Eduardo e Beatriz fizeram “Não tô pronta para Perdoar”, versão de Wanessa Camargo para a música das Dixie Chicks, Samuel e Renata interpretaram “Boa Sorte”, dueto de Vanessa da Mata e Ben Harper, Moroni e Fellipe cantaram “Inconsolable”, Lenora e Daniel “Assim sem Você”, Paula e Junior “O que eu Procurava”, versão do Ludov de “What I’ve been looking for”, Bernardo e Pamela interpretaram a versão em português de “All For one”: “Vem Dançar”, e Victor e Alessandra receberam “Coisas que eu sei”, da Danni Carlos.
Alessandra e Daniel deixaram a Seleção, mas o páreo foi duro. Aos que ficaram e aos que saíram não foi dito nada relevante pelos jurados.
Enquanto na Argentina e no México os competidores se apresentavam em concertos e eram julgados e eliminados pelo público, aqui no Brasil, neste primeiro e esperado “show”, os vocais não parecia ser ao vivo, provavelmente tamanha pós produção incluída neles, bocas e sons saiam de sincronia, e boa parte das apresentações davam margem às comparações mais maldosas.
É de responsabilidade de um programa, que tem como finalidade revelar um novo ídolo, mostrar transparência e honestidade ao julgar talentos e possibilidades. A promoção da imagem dos participantes não pode resultar na apatia dos jurados ao decidirem quem sai e quem fica, e supor que ninguém vai notar quando algo está errado é um erro feio. Se o Disney High School Musical: A Seleção optar por mascarar falhas e fingir que está tudo bem, então se corre o sério risco de o resultado do programa ser um fracasso.
O Disney High School Musical a Seleção chega à metade de sua jornada para encontrar Troy e Gabriella made in brazil e se o programa ainda deixa a desejar nas apresentações e no julgamento, para quem ainda se sente logrado pela produção precisa aceitar a proposta da versão brasileira. Sim porque, apesar de ninguém falar nas versões argentina e mexicana elas são muito dignas de nota, principalmente pelas semelhanças com a do Brasil, no sentido de muita coisa daqui ser traduzido ou reutilizado sobretudo da versão da Argentina, com a grande diferença de que lá os competidores montavam esquetes, tinham coreografias, dançavam todos juntos e interpretavam canções não só do próprio HSM, mas também do Queen, Maddona e The Beatles, e sem meias palavras recebiam notas dos jurados, mas lá a idéia era outra.
Comparações a parte, efetivamente nesta semana mais uma vez os candidatos, agora 16, cantaram em duetos exatamente da mesma forma que na semana anterior. Yasmim e Paula cantaram “Como vou Fazer”, Karol e Samuel “The Party just Begun”, Junior e Renata “Unwritten”, Eduardo e Victor “Vou Deixar”, Pamela e Carol “Aqui”, Bernardo e Olavo “Sábado a Noite”, Lenora e Felipe “Tem que Tentar” (versão de “Breaking Free”) e Bia e Moroni “Toda Vez” (“Everyday”).
O julgamento dos jurados foi novamente monossilábico, o que, quanto mais tempo passa, mais confuso deixa a coisa toda. Ao final, foram considerados os piores do dia Yasmim, Renata e Bia, e Olavo, Eduardo e Samuel, e para quem viu o programa foi como se a escolha das piores fosse aleatória. Sem maiores explicações Yasmim e Eduardo foram eliminados, e no caso de Yasmim muitas dúvidas ficaram, contando que ela era uma das mais espontâneas e se destacava sempre.
À parte do programa, pela segunda vez o capitulo foi fechado com um videoclipe dos finalistas. “Você é a Música em Mim”, e, na semana anterior, “Que Tempo é Esse?”. Os dois são de qualidade excepcional. Bem filmados, arte e fotografia impecáveis. A versão de “What Time is it?”, apesar de copiar o original, tem coreografia nova e muito legal, e não precisava das cenas do original intercaladas às dos finalistas, que seguraram o video sem dificuldade alguma. Aliás, em ambos os vídeos os candidatos estão desinibidos, bonitos, cheios de graça e atitude e cantando super bem. Supondo que o filme será bem mais próximo dos clipes do que do programa, então está tudo certo.
No nono episódio, novamente os participantes se apresentarem no formato “karaokê”, para a infelicidade de quem queria ver mais, e dos candidatos que tinham mais para mostrar. Entretanto, foi uma grata surpresa o salto qualitativo nas performances de todos eles, as músicas tiveram um resultado mais interessante que nas outras semanas, e os finalistas estiveram graciosos e criativos, com destaque para Paula e Moroni, os melhores sem duvidas. Porém, levando em consideração o histórico do programa talvez fosse de se esperar que eles estivessem neste nível quando entraram na casa.
Lenora e Renata interpretaram a clássica “I Say a Little Prayer for You”, Victor e Fellipe “Eu Garanto”, versão de “Bet on It”, do HSM 2, Olavo e Bia “É isso Aí”, do Seu Jorge e da Ana Carolina, Moroni e Paula “Over My Head”, Samuel e Pamela “Epitáfio”, Bernardo e Carol “Start of Something New”, do primeiro HSM, e Karol e Júnior “Meu Primeiro Amor”, primeira música inédita do programa, inexpressiva.
Os eliminados no programa foram Carol e Bernardo, e foi uma grande perda. Eram bons participantes e tinham potencial para estarem em um filme. Os dois levaram consigo parte do brilho do programa, e deixam a dúvida de se tiveram a oportunidade de mostrar o que realmente sabem – e conseguiriam – fazer.
Se o “show” do programa lembra produção escolar, a culpa não é apenas dos candidatos. Eles estão sendo colocados a prova, e erros, problemas e dificuldades fazem parte do qualquer processo. Mas eles passam a impressão de serem mal orientados. Aliás os jurados são o grande ponto de interrogação da Seleção. “Os nossos critérios são os nossos critérios” disse Roni neste capítulo. Que critérios são esses? Nos perguntamos. Porque considerar que quem assiste o programa não quer, ou não deve saber destes critérios deles? Para mandar Bernardo e Carol para casa, os três jurados rasgaram elogios, mas nada disseram de concreto, que justificasse a eliminação deles, e até choraram, o que por ventura é parte vital do programa, tamanho tempo destinado a choradeira generalizada.
O décimo episódio do Disney High School Musical: A Seleção foi ao ar dois meses depois da estréia na TV e seis depois do inicio de tudo, no Sambódromo paulista. Com os 18 mil inscritos reduzidos aos 10 melhores selecionados, fica cada vez mais difícil tentar ver além do que é mostrado, mesmo porque, fundamentalmente, o programa mostra muito pouco. Mostra pouco dos competidores, pouco do trabalho na academia, pouco rendimento nas apresentações e pouca sinceridade. O formato sem graça das apresentações e a narração desnecessária são particularmente o que salta aos olhos, mas o que chama mais atenção são mesmo as ocorrências como a da suposta alteração na apresentação em que foram eliminados o Bernardo e a Carol, para justificar a saída deles. Entretanto, este capítulo voltou a trazer gratas surpresas, possibilitando assim afirmar que, se proporcionar a evolução dos candidatos era uma das intenções do programa, ao menos esta funcionou.
Pamela e Lenora interpretaram outra canção inédita, “Volta pra Mim”, Paula e Vitor cantaram “Só Hoje”. Olavo e Moroni fizeram “I Don’t Dance”, do HSM 2, e a música foi perfeita para a dupla. Junior e Samuel interpretaram com profissionalismo “Push it to the Limit”, do filme Jump in!, originalmente interpretada por Corbin Bleu, o Chad do HSM, e dá para arriscar que eles se saíram melhor do que o próprio Corbin no High School Musical: O Show. Renata e Fellipe, com “Fabulous”, do HSM 2 mostraram aptidão para estarem no filme. Karol e Bia fecharam com “Because of You”, da American Idol Kelly Clarkson.
O melhor momento, entretanto, foi ver Karol e Moroni entre os piores. Não porque eles o sejam, muito pelo contrário, mas ao ver o júri criticá-los, uma dose de humanidade foi trazida ao programa. Joba falou sobre vencer limitações e Roni, tão satisfeito na semana anterior, sobre o nível dos participantes confessou que “a gente precisa trabalhar muito”. Tratando os competidores como os competidores selecionados que são, enfim nos foi transmitido que algo de fato está sendo aprendido ali.
Lenora e Victor deixaram o programa, e o videoclipe “The Party’s Just Begun” voltou a elevar o nível de qualidade da Seleção, mas será que é o suficiente?
O grande lance nestes reality shows, seja o HSM: A Seleção, O Aprendiz ou Brazil’s Next Top Model, é a oportunidade de se presenciar um processo de superação e capacitação que resulta na ascensão do mais hábil. Seja na busca de uma super modelo em uma menina comum, ou de um sócio para Roberto Justus, ou ainda de um casal para protagonizar um filme HSM, ao final de meses de testes e provações, todos, participantes e telespectadores, aprendem algo, mesmo que seja apenas sobre relações humanas, ou ainda sobre a própria vida. Ao final todos estes “shows da realidade” tem algo a dizer, e seria uma pena ter que admitir que o HSM: A Seleção diz tão pouco.
No episódio em que ninguém foi eliminado, fica-se por isso mesmo. Seguindo a regra de que o menor erro pode ocasionar uma eliminação, é evidente que os jurados não entraram em um acordo porque metade dos finalistas mereceu voltar para casa, tencionando e tornando palpável a responsabilidade dos participantes do programa em serem considerados os dez melhores entre milhares de eliminados da Seleção, e sobretudo considerados diretamente melhores que os oito que já saíram.
Fellipe e Júnior abriram com “Kids of the Future”, música dos Jonas Brother e da trilha do filme “A Família do Futuro”. Moroni e Samuel interpretaram “Estamos Todos Juntos”, versão de “We’re in This Together”, e a apresentação foi a pior dos dois, e a pior do dia, com coreografia ruim e tradução medonha.
Pamela e Olavo cantaram “Vou Ser do Jeito que eu Sou”, do HSM 2, originalmente interpretada por Lissah Martins, vencedora do Popstars e atualmente protagonista do musical Miss Saigon. Seria covardia eliminar Pamela com essa música, que era a do teste de canto das meninas, na segunda etapa do programa, ainda com 1000 candidatos. Sendo assim, o júri já sabia que ela não daria conta, apesar do treinamento na Academia.
Paula e Karol cantaram “Nobody’s Perfect”, da Hannah Montana. Karol é a única que é colocada para encarar Miley Cyrus, atualmente a principal estrela do Disney Channel. Bia e Renata cantaram a versão em português de “Yo Quiero ser una Estrella”, cantada por Delfi Peña, a Sharpay argentina.
No julgamento, havia mesmo muito o que se falar. Tati apontou alguém que errou a coreografia, apesar de a edição das apresentações ter encoberto isso. Joba destacou um determinado número musicalmente precário, e Schiavo, sobre um candidato específico, afirmou não ter visto nada que achasse excepcional. O resultado foi todos terem uma segunda chance. E bem que os candidatos merecem mesmo. Mas bem que poderiam também ter encurtado o programa, e pulado este capítulo.
O episódio que escolheu os oito finalistas do Disney High School Musical: A Seleção, apesar de sem alarde, funcionou como uma final do programa. Isso porque é no grupo musical que eles formam, o maior investimento pós Seleção. Esta foi a idéia desde o início, e justifica as gravações tão adiantadas, a produção dos clipes por último e os CDs já prontos quando é anunciada a gravação deles. Tal estratégia pasteuriza o conteúdo, mas funcionou com o Rouge, alguns anos atrás. Sendo assim, a escolha do casal, na final do programa, serve apenas para distribuir personagens.
As canções apresentadas foram inéditas para os brasileiros, mas são originalmente músicas do HSM La Selección, da Argentina: Bia e Samuel cantaram a versão em português de “Algunos Sentimientos”, Olavo e Júnior cantaram “No Puedo Más” (“O Sonho que me faz Vibrar”), Renata e Moroni “Si se lo Contás” (“Segredo de Amor”), Pâmela e Paula “Yo llevo un Amor” (“Eu Tenho um Amor”), e Karol e Fellipe “Nada Termina”, música que, no CD do programa, é cantada por Wanessa Camargo (“O Sonho Não Termina”). Vale dizer que Karol e Fellipe cantaram muito melhor que a interprete brasileira, e mostraram talento e carisma, e que estão prontos para vencer o reality.
Não que seja ruim o conteúdo argentino, mesmo porque tudo no La Selección foi muito caprichado, mas é desnecessário, e desmotivador para quem espera aquele HSM super brasileiro, além de traduções de outros países já nos ter rendido produções inexpressivas como Chiquititas, Floribella etc, e a própria Disney, em parceria com a Argentina, no ano passado cometeu equívocos que comprometeram a série Donas de Casa Desesperadas, produzida com a Rede TV!.
A dramática eliminação não poderia ilustrar melhor a fase que enfim terminou. Saíram Pâmela, a candidata provavelmente que teve maiores críticas de espectadores e internautas por suas apresentações desde o começo, e Júnior, um dos melhores do programa, que engordou a lista de eliminações misteriosas (se não equivocas), onde já estavam Yasmim, Bernardo, Carol e Lenora. A decisão final também foi dramatizada por Schiavo, de apontou quedas na qualidade do trabalho de alguns participantes, falta de sentimento (no caso de Paula e Pâmela), e de química (para Moroni e Renata).
No episódio em que os oito finalistas começam a competir entre si pelos papéis de Troy e Gabriella no filme HSM brasileiro, pela primeira vez os competidores foram mostrados atuando. Nos critérios de uma “gravação profissional”, eles interpretaram uma cena do HSM 2, se revezando em todas as combinações de casais possíveis. Como tudo no programa, vide a peneira por que já passaram, e o tempo intensivo na casa, ninguém impressionou. Mas foi muito bom. E tudo teria sido melhor ainda se provas como essa tivessem intercalado às intermináveis sessões de karaokê que eliminaram candidatos apenas levando canto em consideração.
As primeiras investidas do grupo fora da Academia de Artes foram no programa da Hebe, e no Mulheres, da TV Gazeta, de São Paulo, onde dançaram a música “Atuar, dançar, cantar” com o áudio do CD, dublando as vozes de quem não estava lá.
Enfim, a hora da verdade chegou para os participantes do Disney High School Musical: A Seleção, e é bom que chegue também para o programa. A fase de casting teve superprodução, mas aconteceu de perder ótimos candidatos durante as eliminatórias. A fase na Academia foi marcada por apresentações musicais sem muita graça, muitas vezes por culpa de uma produção inferior, por exemplo, ao programa My Own, da MTV americana, em que anônimos personificam celebridades cantando, dançando e atuando em um cenário montado em uma sala. Como reality show, por si mesmo, do início ao fim o que foi exibido empobreceu os acontecimentos e o conteúdo, mostrando o trabalho de todos – candidatos e jurados – apenas por depoimentos indiferentes. Em momento nenhum a dramaturgia do programa foi construída por ações ou exposição de situações reais do cotidiano da casa.
O desafio final, de canto e dança, exibido neste penúltimo capitulo, teve cara de meio de processo, e desafio técnico, como cantar e dançar ao mesmo tempo não houve, o que nos traz a preocupação com a possibilidade de existir a possibilidade de eles contarem, nos trabalhos futuros, com uma ajudinha de playbacks e pós produções. Mas mais preocupante ainda foi a saída do jurado Roni, seguida de especulações de que ele tenha deixado o programa por não concordar com o que se vinha fazendo. Se isso for verdade, muita coisa deve ser repensada, principalmente se tratando de um programa em que a harmonia reina absoluta, ou pelo menos era o que nos era mostrado.
Como tudo que termina, há muitos bons momentos a serem lembrados, e foi sim um programa muito legal, que vai deixar saudades, sobretudo dos participantes carismáticos e divertidos. A temática foi inédita, e a idéia muito boa.