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CRÍTICA: “HIGH SCHOOL MUSICAL: O DESAFIO”
Por Léo Francisco

Mais de dois anos após o início de reality show que escolheu os oito protagonistas do primeiro longa nacional coproduzido pela Walt Disney Studios Motion Pictures Brasil, que chega aos cinemas de todo o Brasil essa sexta-feira, dia 05, o musical “High School Musical: O Desafio”, produzido pela Total Filmes e com a participação da cantora Wanessa Camargo.

Dirigido por César Rodrigues (“Uma professora maluquinha”) e com o roteiro baseado no original “High School Musical”, de Peter Barsochini, a versão brasileira adaptada por Carol Castro conta a história de amor entre Olavo (Olavo Cavalheiro), o capitão do time de futebol da escola High School Brasil, os Lobos Guará, e Renata (Renata Ferreira), garota inteligente, tímida e reservada, que se apaixonam um pelo outro à primeira vista.

No primeiro dia do ano na escola todos descobrem que naquele ano irá acontecer o Concurso de Música, na qual a banda vencedora irá abrir o show de uma ex-aluna que ficou famosa, a cantora Wanessa, que regressa ao colégio para conhecer e incentivar os novos talentos. A partir daí não é muito complicado imaginar o que acontecerá na história. Repleto de canções (nem todas originais) e números de dança, o filme segue a linha das versões norte-americanas e latinas, mas com toques nacionais e mostrando em poucas cenas o Rio de Janeiro como plano de fundo.

É claro que fazendo uma versão de uma franquia de sucesso como “High School Musical”, que surpreendeu até mesmo a Disney e virou um fenômeno mundial, comparações entre a versão original e a brasileira irão acontecer, mas a nacional não tenta copiar totalmente o roteiro e nem mesmo os personagens do original da versão americana. O filme traz personagens tipicamente brasileiros e, ainda por cima, mais “reais” – um exemplo é Paula (Paula Barbosa), que na versão nacional é uma menina mimada e egoísta que quer toda a atenção para ela e, diferentemente do original americano, o faz de maneira menos artificial.

Se tratando de um musical, claro que o ponto forte da produção deveria ser as coreografias, principalmente das grandes cenas (inicial e final), algo que não acontece. As coreografias são fracas e, comparadas com os clipes gravados durante a Seleção, vemos o quanto o elenco regrediu. Para ter uma idéia, basta comparar “Novo Ano Começou” e “Atuar, Dançar, Cantar” com a cena “What Time Is It” (High School Musical 2), para se notar a diferença gritante de falta de uma boa montagem coreográfica para as duas principais cenas do longa nacional. A melhor sequência musical é a da cena “Seguir o Sol”, interpretada por Renata e Bia (Beatriz Machado), na qual temos tomadas áreas mostrando realmente todos dançando, um quê que faltou em quase todas as outras cenas de danças. Outra cena que vale se destacar é o sapateado entre Renata e Fellipe (Fellipe Guadanucci), quando eles estão estudando matemática – a melhor cena da protagonista Renata, que mostrou ter muito mais química com o irmão da vilã, do que propriamente com o protagonista Olavo, que se destaca apenas nas cenas com os amigos do time de futebol.

As coreografias não são boas, mas pelo menos as músicas são. O filme conta com canções inéditas, versões das músicas latinas e até mesmo uma do “High School Musical 2”, que devem sem duvida agradar aos fãs da franquia por resgatar a mesma essência dos filmes originais. Destaque para o dueto de Wanessa e Renata, que sugere uma relembrança das clássicas canções da Disney que tematizam a importância da amizade – uma canção certa que, no contexto da trama, perde a carga emotiva graças à presença de Wanessa Camargo, desencaixada em cena. Até porque uma canção crucial que fala tanto da importância da amizade deveria ser executada pela protagonista e uma de suas duas grandes companheiras (Bia ou Karol), não com uma famosa desconhecida que pareceu ter virado sua melhor amiga depois de uma ligeira conversa de menos de cinco minutos. Um desperdício de ocasião para se aproveitar o talento de Karol Candido, a participante da Seleção que mais se destacou no quesito voz.

Um dos pontos positivos da produção é a interação de todo o elenco e a garra pelo projeto que se nota na tela e, principalmente, nos bastidores. O elenco, como a própria Disney Brasil, é iniciante no cinema e por isso, não tem como impor comparações exigindo atuações perfeitas. Mas, sem qualquer sombra de dúvida, para uma primeira produção, o longa agrada e diverte quem entrar no espírito e simpatizar com a franquia que acumula muitos fãs no mundo inteiro.

Vale destacar que o personagem Fellipe rouba a cena com facilidade, conseguindo se destacar mais do que qualquer outro membro da história, o contrário das versões internacionais, na qual é a vilã que sempre recebe a luz do holofote.  Falando no casal de irmãos, quem for ao cinema esperando um grande dueto, ao estilo “What I’ve Been Looking for”, “Bop To The Top”, “Fabulous”, “Humuhumunukunukuapua’a” e “I Want It All“, vai se decepcionar, pois a versão nacional ficou devendo o grande número entre os irmãos.

Mesmo com um número enorme de musicais teatrais fazendo sucesso nos palcos brasileiros desde 2000, “High School Musical: O Desafio” é o primeiro filme musical nacional a ser produzido na atualidade, mesmo sob a febre do gênero pelo mundo todo no cinema e até em séries de TV, como a famosa série “Glee”. A primeira aposta da Disney no Brasil, ainda que com alguns defeitos, está longe de ser ruim e supera produções norte-americana do estúdio, como os atuais “Camp Rock” e “Programa de Proteção para Princesas”, mas está ainda longe de superar as continuações da série na qual se baseou.

High School Musical: O Desafio” é uma pedida para crianças, adolescentes, os fãs tanto da franquia e do elenco ou para quem quiser se divertir durante 1 hora e meia nos cinemas, com um filme que além de trazer músicas animadas, mostra uma bela mensagem sobre a importância da amizade, que vivemos no tempo do colégio.

Author: Léo Francisco

Você nunca teve um amigo assim! Jornalista cultural, cinéfilo, assessor de imprensa, podcaster e fã de filmes da Disney e desenhos animados. Escrevo sobre cinema e Disney há mais de 18 anos e comecei a trabalhar com assessoria de imprensa em 2010. Além de fundador do Cadê o Léo?!, lançado em 13 de julho de 2002, também tenho um podcast chamado Papo Animado e um canal no YouTube.