O DIÁRIO DE HIGH SCHOOL MUSICAL: A SELEÇÃO
PARTE 01: A PRIMEIRA AUDIÇÃO

Relatos de um repórter competindo em Disney High School Musical: A Seleção

Por Diego Bargas, NIP 4670*

Quando entrou no ar o site do HSM: a seleção, para inscrição no programa, não houve muita divulgação, e tampouco muito do que falar. Na página era apenas necessário fazer um cadastro e responder algumas perguntas, e em um mês foram computadas quase 18 mil inscrições, um número bastante elevado, se tratando de um reality para tv a cabo. No dia 10 de novembro começaram a ser enviados e-mails aos convocados para o primeiro teste. 4 mil garotos e garotas entre 16 e 24 anos foram selecionados para participar da audição-tamanho-família no Sambódromo de São Paulo, em 17 de novembro. Os participantes tinham um hiato de cerca de 8 horas para comparecer no local, e deveriam se virar para estar em SP, e o contrato deixava claro que a produção não pagaria nada para ninguém em momento algum. O contrato de uso de imagem (que até então era a mais confiável fonte de informações) dizia também que os vencedores da competição estrelariam a versão brasileira do filme, e poderiam formar uma banda e sair em turnê pelo país e, quem sabe, pelo mundo.

A fila no portão do Anhembi dobrava a esquina. Como o único pré-requisito para a seleção era estar apto a cantar, dançar e atuar, encontrei tentando a sorte pessoas de todos os lugares, de todos os jeitos, com diferentes talentos, e quando entrei na fila, pela primeira vez senti o constrangimento de não ter a preparação ou a força de vontade que aquele povo, que fez e passou o diabo para estar ali, tinha.

Entre os que arriscavam canções do filme no violão, e os que se desesperavam com a documentação necessária para fazer o checK in para a área de teste, ninguém segurava a emoção de receber seu “número de identificação de participante”, uma plaquinha desajeitada presa ao pescoço por um cordão, que todos ostentavam no peito cheios de orgulho. A fila para a audição propriamente dita era igualmente interminável, e neste ponto os candidatos se separavam dos acompanhantes, e eu então me separei da minha amiga que não foi selecionada para o programa, apesar de ter se inscrito com RG falso, por ser nova demais para participar. Fã inveterada de RBD, sempre revirou os olhos para HSM, mas na ocasião estava animadíssima.

Encapado com lona vermelha com o logo de HSM: a Seleção por toda parte, o Sambódromo fora dividido em três partes, estrategicamente para que quem estivesse em cada parte não soubesse o que se passava nas outras.

Mesmo quando o sol começou a escaldar todo mundo, todos continuavam a ensaiar, cada um à sua maneira, com mp3, discman, letras impressas trazidas de casa, durante horas a fio. Eu, que nunca havia assistido o segundo filme, e no dia anterior passara um bom tempo no youtube tentando pegar as melodias, tentava decorar “Vou ser do jeito que eu sou” quando chegou minha vez de entrar na passarela do samba.

Lotes de candidatos entravam juntos para serem avaliados. O coração vinha à boca. Todos se posicionavam sobre círculos vermelhos e eram observados por jurados curiosos, ao som de oito diferentes canções dos dois filmes. Era uma sensação incrível estar no meio do Sambódromo, e no meio daquilo tudo. Um jurado veio me ouvir bem durante “Vou ser do jeito que eu sou”, que eu não tinha a menor idéia da letra, e tive que improvisar uma dancinha esquisita para recuperar a atenção dele depois. Todos juntos também cantaram e dançaram “Breaking Free”, “What i’ve been looking for”, “Você é a música em mim” (que veio a se tornar meio que o hino da seleção) e “When there was me and you” (aquela mesmo, que ninguém gosta), que ninguém soube cantar direito, avaliados por vários jurados especialmente convidados, além dos do programa e de Alexandre Schiavo, diretor executivo de arte da Sony BMG Brasil. Terminado o teste, todos seguiam para a concentração final, onde encontravam a galera e os acompanhantes (isolados nas arquibancadas), e após mais algum tempo de espera, ao som de Hanna Montanna e outros astros do Disney Channel, numa seqüência de músicas repetida à exaustão, Robson Nunes, apresentador do canal da Disney e locutor da seleção, subiu ao palco montado com motivos do programa, chamou os apresentadores do Zapping Zone (que, para variar, fizeram gracinhas sem graça) e apresentou os jurados, o diretor e ator de teatro Jonathans Joba, jurado de atuação, o preparador vocal Roni Kneblewski, jurado de canto, e a coreógrafa Tati Sanchis, jurada de dança, que rapidamente criou uma coreografia para “What time is it”, que a multidão de competidores realizou com destreza, num dos momentos mais empolgantes do programa todo.

No final do dia não havia quem não estivesse esgotado, querendo ir para casa, porém não definitivamente. O nervosismo intensificava os laços de amizade entre pessoas que acabaram de se conhecer, que trocavam contatos e torciam umas pelas outras. Em ordem numérica, todos foram chamados para receber uma carta com o resultado daquela primeira eliminatória.

Eu mais uma vez fiquei constrangido em receber minha iminente reprovação, já que estava encarando tudo como uma grande brincadeira. Mesmo assim, com a carta nas mãos é difícil respirar, era uma coisa tão intensa que parecia que a minha vida dependia daquilo, tudo converge para aquele momento único. Imagine minha surpresa ao ler na carta que me deram: “parabéns! você passou para a fase 2 de Disney High School Musical: a seleção. Prepare a sua voz.”.

Continua na semana que vem…



* NIP é o Número de Identificação do Candidato, que todos ganharam no primeiro dia da seleção, e o mantiveram até o final de sua participação.

QUEM É DIEGO BARGAS?
Diego Bargas trabalha com jornalismo, produção e redação desde 2006, em um canal local do ABC paulista. Aos doze anos era colaborador da revista Disney Explora. Recentemente foi convidado pela Revista LoveTeen (e agora pelo Planeta Disney) para escrever sobre o High School Musical: A Seleção, porque participou do programa no final do ano passado. Diego é técnico em publicidade & propaganda, e não tem formação acadêmica, por enquanto. Pretende seguir carreira de jornalista, caso não tenha que noticiar crimes, desgraças e nem desafetos políticos. Trabalhar em cinema também está em seus planos futuros.

Author: Léo Francisco

Você nunca teve um amigo assim! Jornalista cultural, cinéfilo, assessor de imprensa, podcaster e fã de filmes da Disney e desenhos animados. Escrevo sobre cinema e Disney há mais de 18 anos e comecei a trabalhar com assessoria de imprensa em 2010. Além de fundador do Cadê o Léo?!, lançado em 13 de julho de 2002, também tenho um podcast chamado Papo Animado e um canal no YouTube.