Você deve estar se perguntando: Que raios é essa sigla HFR que colocaram no título do filme O Hobbit? Por que esse 3D está um pouco diferente em relação aos outros? Será que agora eu vou passar mau quando for assistir O Hobbit? Calma! Estamos aqui para falar desse tal HFR inserido entre as opções de experiência proporcionada pelo longa que acaba de estrear nos cinemas.

HFR quer dizer “High Frame Rate“, ou “Alta Taxa de Quadros” no nosso bom português, uma nova tecnologia que proporciona mais “realismo” naquilo que você está assistindo. Para entender melhor, vamos voltar lá atrás na História do Cinema e lembrar que um homem chamado Godard contribuiu para formalizar o que conhecemos hoje de 24 fps, ou melhor, 24 quadros por segundo, que representa a passagem de 24 fotogramas num segundo para “iludir” os olhos humanos de que ali há um movimento, e portanto, quando colocado em uma sequência longa e respeitando tal regrinha, tornou-se possível assistir a um filme com mais realismo e sem aqueles movimentos rápidos e cortados que existiam no começo do Cinema. Desde então utilizou-se este formato, com algumas leves modificações, e ele está presente em quase tudo o que consumimos e criamos no mundo audiovisual.

Ao longo dos anos, principalmente nas últimas décadas, passamos a experimentar várias inovações tecnológicas (captura de movimento, óculos 3D, som de alta definição, IMAX), que visam intensificar a capacidade de imersão nas obras audiovisuais, que mesmo além de nossa realidade, acreditamos numa fantasia pelo simples fato de nossos olhos assistir a uma sequência de fotogramas. Porém, ao longo dos anos e por consequência das novas tecnologias notou-se que os 24 quadros por segundo fazia com que se perdesse um pouco dessa capacidade de imersão, digo, nos sentir inseridos no filme, acreditar e perceber uma série de cenas importantes para assistir e contar uma história.

E onde entra o HFR? A alta taxa de quadros é possui o dobro de quadros por segundos do formato que já conhecemos e consumimos, ou seja, com esta tecnologia temos agora 48 quadros em um segundo, ao invés de 24. E o que isso proporciona? Além de corrigir um problema das cenas com movimentos rápidos (tanto com as câmeras, como com os elementos em primeiro e segundo plano), ele faz com que você se aproxime mais da sensação de realismo percebido pelos seus olhos (se você acreditava que apenas os óculos 3D era capaz disto, se enganou). Para entender melhor, pause uma cena de um filme de ação com o formato anterior a esse e perceba que existem alguns borrões nos movimentos mais rápidos. No mundo real também vemos estes borrões, mas no cinema, por culpa dos 24 fps e do grande formato de tela, quando você vai assistir a uma obra que é quase inteiramente cheia de movimentos rápidos, os seus olhos vão “acreditar menos” naquilo que está acontecendo nas telas, pois tudo está borrado mais do que o normal. Algumas pessoas podem dizer que não faz diferença ou que nem mesmo estão percebendo essa mudança, mas essa percepção é inconsciente e intuitiva, o que faz sim uma baita diferença na nossa experiência com o filme que estamos assistindo.

O Hobbit chegou às telas do cinema com esse novo formato de 48 fps, ou HDR, justamente por uma das razões mais óbvias que condiz com a existência do Cinema: a experiência de acreditar e imergir naquilo que está aquém de nossa realidade; digo, ao traduzir o universo de uma Terra Média fictícia criada em primeira instância por Tolkien, Peter Jackson, quis investir além do detalhamento de cada item ou aspecto da produção, ele quis fortalecer a capacidade do espectador de sentir através dos olhos, portanto, melhorar a nossa experiência visual com a obra, além de valorizar o trabalho das pessoas envolvidas na produção (artistas, animadores, produtores, todos aqueles nomes que você vê nos créditos). Felizmente e infelizmente somos cobaias dessa nova tecnologia, que não seria lançada em vão caso não proporcionasse alguns benefícios, como aqueles que foram citados aqui, e outros que são um pouco mais técnicos. Entre os pontos negativos, existe o relato de que algumas pessoas podem levar um tempo, alguns minutinhos talvez, para se adaptarem no início do filme, pois é uma sensação nova, mas como poderá perceber, ao longo do filme, os seus olhos irão saborear mais as cenas de ação, e em outras, será como estar no set de produção do longa. Como é um investimento pioneiro, tem grandes chances de impulsionar novas obras neste mesmo formato, além de amadurecer ao longo dos anos. Enfim, ao pensar como será daqui alguns anos, pode parecer ficção o que irei falar, mas um dia, por culpa de caras inovadores como o Peter Jackson, ir ao cinema, será como se estivéssemos sendo sugados para outro mundo, literalmente.

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Matéria de Frederico Carvalho Junqueira