Última chamada para você embarcar nas duas apresentações finais do espetáculo Priscilla: Rainha do Deserto, em cartaz até hoje, dia 09, no Teatro Bradesco. Para comemoar essa temporada de sucesso, visto por mais de 100 mil pessoas em São Paulo, o Plugou fez essa semana uma série de quatro entrevistas com os atores: Leandro Luna, a Miss Segura, o jovem André Torquato, que vive a animada Felicia/Adam e o excelente ator Ruben Gabira, que vive a transexual Bernadette.

Para terminar, deixamos para hoje, o último dia de apresentações a entrevista com o ator Luciano Andrey, que faz o Tick, uma drag queen, que decide voltar a cidade onde vive sua ex-mulher para conhecer seu filho de 6 anos. Luciano é ator e cantor, formado em 2006 pela Escola de Arte Dramática da USP. Lá, destacou-se na montagem de Iacov Hillel do espetáculo A Ópera do Malandro, na pele da personagem Geni. Estudou canto com Amélia Gumes e Gilberto Chaves e balé com Alexa Gomes e José Tomaselli.

Atua desde 2007 em espetáculos de teatro musical. Em sua trajetória estão O Rei e Eu (como Kralahome), West Side Story (como Riff) e My Fair Lady, dirigidas por Jorge Takla. Em 2011 interpretou o protagonista de Mambo Italiano, em montagem concebida por Clarisse Abujamra. Na comédia foi também assistente de direção de Marcos Caruso. No teatro, atuou ainda com diretores como Celso Frateschi, Bete Dorgam, Cristiane Quito, Marco Antonio Pâmio e Tania Nardini.

Atua em São Paulo como coaching de interpretação teatral. Coincidência ou não, iniciou sua carreira em 1998, quando fundou a Cia Brasil em Campinas e excursionou por 3 anos pelo país a bordo de um ônibus que alguns integrantes do elenco apelidaram carinhosamente de Priscilla.

Confira abaixo a entrevista exclusiva com o Leandro:

Qual foi a maior dificuldade durante toda a produção? Cantar, dançar e atuar, usar os saltos altos plataforma ou a troca rápida de figurinos?

Acho que a maior dificuldade foi tornar esses personagens seres humanos críveis,  conseguir tocar a platéia de uma maneira genuína e sem estereótipos. O nosso trabalho como atores ( de musical nesse caso especifico) consiste em cantar, dançar e atuar, e claro que isso é dificil e exige um preparo grande, assim como todo o lance de perucas, maquiagens e etc… mas acredito que se  tudo isso nao estiver em prol  de um bem maior, vira apenas virtuose. Acho que em Priscilla, nosso maior desafio foi usar toda a produçao e toda a nossa técnica em favor da história.

Se tivesse que escolher apenas uma cena do musical de sua preferencia, qual seria? E por que?

A cena em que meu personagem Tick tem uma conversa com o filho de seis anos e fala sobre sua sexualidade. Ele passa o espetaculo inteiro atormentado pela ideia do filho saber que ele é uma drag queen e homossexual, e quando o filho o ve vestido de mulher e depois eles conversam, ele entende que o preconceito e o medo estavam nele e nao na criança. É uma cena de catarse pro personagem e acredito pra platéia tambem, ali , já nao sao mais uma drag queen e seu filho, sao  apenas pai e filho se entendendo… é um momento muito especial do espetaculo e aí o pai canta youre always on my mind do elvis pro filho… putz…to chorando..rsrs

Por que você acha que as pessoas se identificam tanto com os personagens e se emocionam tanto com a história?

É muito curioso isso… São tres drag queen certo? Aí a pessoa que vai la assistir e é heterossexual e tem uma vida “regradinha” pensa, “cara, o que eu tenho a ver com isso?”, e ai que o bicho pega. Como disse no começo, sao tres pessoas em busca de crescimento, cada um lutando com seus demonios, querendo uma segunda chance na vida, querendo encontrar o lugar a que pertencem nesse mundo, e vao passando por situaçoes que os fortalece e fortalece o elo de amizade e lealdade entre eles. Aí a partir do momento que a platéia entende isso, deixam de existir rótulos e passam apenas a existir seres humanos. E seres humanos torcendo pelos acertos do outro. É o máximo ver a platéia torcendo pela Bernadete que é a Transexual ( Rubem GAbira) e Bob  ( Saulo Vasconcelos), ali o preconceito já caiu… já virou outra coisa… ver a platéia torcendo pro filho aceitar o pai é lindo, torcer pelo Adam que é super espevitado e num primeiro momento choca…no fim acho que da uma dimensao pra platéia ( mesmo que inconsciente ainda) de que todos somos feitos da mesma matéria e passamos pelas mesmas situaçoes e dificuldades e alegrias.

Somos todos humanos.

Você ano passado fez a divertida peça MAMBO ITALIANO e esse ano PRISCILLA, ambas que trazem personagens homossexuais. Você acha que o fato de Priscilla contar uma história de drag queens pode ter afastado o público e as famílias? Você acha que existe muito preconceito no Brasil? Ainda mais no teatro musical?

Vamos lá, acho que o mundo é preconceituoso sim…Aqui no Brasil ainda temos muita coisa pra vencer, e aí nao to falando só com relacáo ao homossexual, to falando do negro, do pobre, da mulher, do estrangeiro, do gordo…de tudo que é considerado “fora do padrao”.

Claro que com relaçao ao homossexual é uma loucura, pensar que a pessoa pode morrer por causa de ser como ela é, apanhar na rua, é muito louco… são coisas que ainda nao consigo entender muito bem… mas acho que já está havendo uma mudança, pequena mas está.

Com relaçao ao Priscilla, acho que num primeiro momento as pessoas podem pensar que é um espetáculo voltado pro publico gay, mas nao é. Tinhamos de tudo na platéia, inclusive familias com crianças, casais de idade, casais jovens de heterossexuais, adolescentes, gays… enfim.. a gente diz que Priscilla é uma celebraçao ä vida. E a vida deve ser celebrada por todos. Entao cada vez que eu via uma familia com criança ou os velhinhos pulando e vibrando ao fim de cada sessao, eu tinha a certeza de que estava fazendo parte dessa mudança, dessa transformaçao do olhar, e isso me deixa muito feliz e realizado como artista.

Você tem algum personagem de musical que você gostaria de fazer?

Gosto de personagens que me desafiem, mas que principalmente me motivem a contar alguma história que eu ache importante. Fazer só por fazer nao me anima em nada.

O que significa PRISCILLA: A RAINHA DO DESERTO antes de você entrar no espetáculo e agora faltando poucas apresentações para o termino dessa temporada de sucesso?

Eu diria que Priscilla mudou completamente a minha vida. Antes eu sabia que era um grande espetáculo que eu ia protagonizar e pensava “poxa, que bacana… meu primeiro protagonista de uma coisa tao grande”. E hoje, toda a experiencia que eu vivi ali, com aquela producao, com aquelas pessoas, com aquele elenco. Me fizeram entender a magnitude que esse trabalho tem… Priscilla não é só um grande musical, é um musical com uma história que precisa e merece ser contada aos quatro cantos do mundo, é uma história que é capaz de transformar e gerar reflexao, é uma história de respeito e de amor a vida. Agradeço todos os dias por ter tido a oportunidade de realizar isso , de fazer parte disso. E acho que essa experiencia, eu e meus companheiros de trabalho conseguimos entender e com certeza levaremos por onde quer que nossos caminhos sigam.

O que os seus fãs podem esperar do Luciano para 2013?

Putz, rs… sou movido a sonhos e me sinto muito feliz quando posso executa-los… tenho muitos projetos encaminhados para o ano que vem. E acho que minha busca maior para esse ano, é minha autonomia como artista… Muitas projecóes boas por aí…Aproveito pra agredecer a imensa quantidade de carinho que recebi por esse trabalho…

Gostou? Essa é a sua última chance de embarcar e se divertir com Priscilla: Rainha do Deserto? O musical é uma adaptação do filme, que conta a divertida e tocante história de três drag queens que vão de Sydney até uma cidade turística no remoto deserto australiano para realizar um novo espetáculo em um cassino. Nesta viagem, estreitam laços de amizade e vivem grandes aventuras dentro do velho ônibus de excursão, carinhosamente apelidado de Priscilla.

Priscilla: Rainha do Deserto
Duração: 2h30
Temporada: Até 09 de dezembro de 2012
Local: Teatro Bradesco – Bourbon Shopping São Paulo/ Rua Turiassu, 2100, 3 piso – fone (11) 3670-4100
Dias e horários: Quintas e Sextas, às 21h; Sábados às 17h e às 21h; Domingos, às 16h e às 20h
Classificação etária: Livre. Menores de 12 anos: permitida a entrada (acompanhados dos pais ou responsáveis legais).

Author: Léo Francisco

Você nunca teve um amigo assim! Jornalista cultural, cinéfilo, assessor de imprensa, podcaster e fã de filmes da Disney e desenhos animados. Escrevo sobre cinema e Disney há mais de 18 anos e comecei a trabalhar com assessoria de imprensa em 2010. Além de fundador do Cadê o Léo?!, lançado em 13 de julho de 2002, também tenho um podcast chamado Papo Animado e um canal no YouTube.